segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Em dias de se perder

Em dias de se perder o céu é azul, o sol radiante, a rua deserta, os pensamentos saudosos
e o coração aquele tumulto.
Em noites de labirinto o choro vem de mansinho, do vizinho ao lado, o grito da janela
indagando aquele que disse: “No princípio era o verbo”, e depois com a voz a replicar
os confusos pensamentos, vem dizer o ser primeiro, o ser primórdio, − Pai, onde estais
vós?
Em tempos de se perder os anos desmentem o rosto, o medo e a confusa transição.
Coloquei uma pedra no ponteiro do relógio, para me perder só pela conta da lua.
Em alma de se perder amarrei o espírito à pedra, ao teu nome e à ilusão.
Cresci sem a medida daqueles que vivem a vida no doce enlevo da realidade, se
esvaindo moribundos em dias tão soturnos.
Em coração de se perder as entranhas são enormes, o perigo é constante, os desejos
infinitos, os segredos um sepulcro.
Dei asas a tudo que se perdi, aos sonhos que como nuvens se transformam, se renovam
e se redescobrem.
Dei asas ao que se perdi porque o céu é eterno e sem intervalos, o chão a agonia dos
meus dias.

Flor de Luz

Nenhum comentário:

Postar um comentário

E seu dedo podre, o que tem a dizer?