segunda-feira, 11 de julho de 2011

A gênese


Juro que quero expressar os dejetos do espírito como quem exprime veneno do corpo, expulso enfim o que restara das vidas sem amor e dos Karmas empilhados por impulsos tão vis.
Ele chegara como um homem que sente na carne a confusão de homem que procura por amor. Eu era Ana e fui Ana assim por muitas vidas, jamais esquecerei dos sentimentos de Ana.
Olavo chegara em sua vida e entrara como todos os Olavos de sua existência, seu desejo era o prazer do desprezo, era assim que arrastava todos os homens e deles se desfazia por vaidade.
Olavo como todos os homens em sua obviedade chegara inteiro, ela de muitas faces e fases da lua, escolhia a lua nova para causar maiores estragos, na lua cheia seduzia, nas outras dissimulava e distraía, até que na lua nova Ana se tornava inteira apenas para ela mesma e desejava ferir apenas atordoando com seus vagueios  de olhar, que deixava Olavo a deriva de seus caprichos.
Ana era o poder que se perdeu na vaidade, Olavo apenas o Olavo de todas suas vidas, repetia Olavos em círculos, era o vício que lhe causava vertigem de Olavos. Desejava Olavo e não chegava em seu coração.
Viu Olavo de muitos jeitos, acima de seus olhos, abaixo de sua cintura, Olavo quieto trazendo o silêncio de todos os Adãos.
Ana sonhava com a ausência dos sentidos e nesse transe desfazia os Olavos em pó, era-lhe permitida a ausência da maldade que Deus tão bem plantara nela.
Ana queria sua plenitude que desconfiava não estar nos moldes que lhe pregavam, era nessa desconfiança que depositava suas forças e entrava em transe. Viu um Cisne em cores de Arco-Íris e sentiu que Ana nascia Joana Nova, mais uma vez tinha a chance do recomeço, poderia então fazer Olavo rir sem chegar ao seu coração?
Ana Joana Nova buscava a fonte que jamais pedira a dor alheia, ela tinha em seu íntimo a inquietação que era a nascente pedindo para brotar água pura, se Ana permitisse.
Olavo é alheio a coisas de fonte, por isso buscava em Ana a vertente que estava por nascer, Olavo não tem faces, não tem fases, não tem nada, entrara em sua vida com dois sapatos e sentara no canto do quarto.
Ana Joana Nova era mulher que levava Olavos de volta para casa, agora Ana vivia em transes muito sérios, eram rédias que lhe conduziam ao caminho dos Cisnes.
Assim gira o mundo a gravitar entre histórias de Anas e Olavos eternos, a gravidade segura todos os seus erros, e nascem crianças todos os dias para assegurar a permanência de Anas e Olavos no mundo, fui Ana muitas vidas e senti piedade dos jogos que se confundem com Amor, era um buraco que se preenchia com mercadorias disponíveis em prateleiras de supermercados, no lugar da Alma.
Ana enfiava Olavos e mais Olavos buraco abaixo em um vazio que nunca preenchia. Foi Ana Joana Nova que deixou-se transbordar, nasceram ramagens que tocaram os pés de Olavo. Ana não pedia nem queria, apenas sorria, foi um Cisne Arco-Íris que transformou a maldade de Ana em benção eterna.

                                                                                                   Flor de Luz

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